A impressão 3D tem vindo a evoluir de modo significativo, mas a grande novidade da impressora 3D em desenvolvimento na Universidade de Princeton é a sua capacidade para imprimir em LED (Light Emitting Diode), segundo o Daily Princetonian, órgão de imprensa da universidade.
Avanços na impressão 3D de equipamentos electrónicos
De brinquedos a gadgets, de passatempos a aplicações profissionais na arquitectura, engenharia e mesmo medicina, a impressão 3D tem-se tornado uma das áreas tecnológicas de maior avanço e diversificação meteórica das suas aplicações e potencialidades. E estas não estão limitadas à terra: no final de Novembro, a impressora 3D a bordo da International Space Station (ISS) imprimiu a primeira peça fabricada no espaço e – curiosamente – uma peça para si mesma.
Entretanto, na terra, um grupo de investigadores na Universidade de Princeton pode bem ter chegado à charneira de uma nova era para a impressão 3D num futuro não muito distante. Tendo no centro do seu trabalho o cruzamento de nanomateriais e biologia, com vista à criação de equipamentos biónicos de características únicas, os investigadores conseguiram imprimir nanopartículas inorgânicas semi-condutoras, matrizes elastométricas, polímeros, e – claro – um grupo de LEDs encapsulados num substrato transparente.
Em essência, estes LEDs consistem de várias camadas com funções diferentes. Uma das camadas será emissora, enquanto a outra fornece electrões e a última recebe-os. Finalmente, a última camada é a adesiva que permite a adesão do minúsculo ecrã à lente. Todos juntos, os pequenos pixéis seriam capazes de apresentar informação e criar imagens.
Por isso, cuidado Google Glass!
Se até agora a impressão 3D era capaz de reproduzir apenas estruturas mecânicas simples, este avanço significa a possibilidade de imprimir equipamentos electrónicos completos, e em materiais até agora impossíveis de utilizar. Por isso, se os óculos Google Glass lhe parecem um gadget desproporcionado e que chama demasiado à atenção, um destes dias poderá estar a usar lentes de contacto com um ecrã LED transparente a transmitir-lhe informações em tempo real.
Desafios por superar
Obviamente a tecnologia está na infância, e apesar dos investigadores de Princeton já terem o conceito geral desenhado, toda a histeria mediática não verá um fruto prático nos tempos próximos. As lentes de contacto com ecrãs LED fruto de impressão 3D poderão demorar vários anos até ganharem vida e quiçá algum tempo mais até se encontrarem no mercado.
Porquê?
Bom, porque há ainda alguns problemas a resolver. Os cientistas gostam de pensar num futuro além daquilo que as suas capacidades técnicas actuais lhes permitem atingir, e os meios de comunicação social exageram ainda mais, mas lentes de contacto com LED ainda estão longe de ser práticas.
É certo que podermos recorrer à impressão 3D para criar lentes de contacto inteligentes fica mais perto com este avanço, mas os LEDs ainda necessitam de energia para funcionar, algo para já impossível. Os dois principais impedimentos é que necessitamos de uma fonte de energia sem fios, e o facto de que uma bateria teria de ser obrigatoriamente minúscula, mas extremamente potente para uma duração prática.
O futuro não é de todo uma impossibilidade. A impressão 3D tem mostrado uma capacidade surpreendente para quebrar barreiras até agora inultrapassáveis e apenas recentemente começou a tornar-se viável a impressão deste modo de estruturas de grafeno, uma forma cristalina do carbono que tem como característica ser dos materiais com maior capacidade de condução de electricidade que a humanidade conhece.
Graças à sua elevada eficiência eléctrica, nanoestruturas de grafeno poderão revolucionar a capacidade das baterias no futuro, permitindo capacidades muito aumentadas em dimensões infinitamente inferiores às actualmente possíveis. Nanobaterias, capazes de caber em simples lentes de contacto não são por isso completamente descabidas.
Mais plausíveis serão talvez óculos inteligentes mais leves e compactos, por isso mais práticos e eficientes, mas as portas que a impressão 3D têm aberto são portais para possibilidades cada vez maiores e a mais pura verdade é que esta tecnologia está com os olhos postos no futuro.