Será que os computadores têm emoções?
A computação afectiva é uma área de investigação da AI (Inteligência Artificial) que tem como objectivo estudar as emoções em ambientes computacionais. Dedica-se ao estudo de como representar e simular emoções em sistemas com o objectivo de os tornar mais reais e credíveis. A título de exemplo imaginemos as personagens de um mundo virtual, como o Second Life, sempre com a mesma expressão independentemente de estarem tristes ou felizes. Seria certamente uma representação muito pouco realista.
Outra das investigações feitas nesta em Computação Afectiva consiste em estudar como reconhecer emoções nos utilizadores para melhor interagir com eles. Um exemplo de sistemas em que esta interacção assume um papel primordial, são os sistemas de e-learning. Os sistemas de e-learning devem ser capazes de reconhecer o estado emocional do aluno, i.e. se está frustrado ou pouco motivado por exemplo, de forma a ajustar os conteúdos educacionais às suas capacidades cognitivas.
Quais os avanços no campo da computação afectiva?
O desenvolvimento em tecnologias como o reconhecimento facial, reconhecimento de voz e sensoriamento físico tem contribuído significativamente para a observação e exploração das emoções nos utilizadores. No entanto nesta interacção homem máquina para além do reconhecimento das emoções no utilizador é necessário inferir à priori que tipo de reacção este terá face a determinada situação. Este é sem dúvida um dos grandes desafios da computação afectiva. Se nós temos dificuldade em fazê-lo, muito mais complexo será instruir uma máquina para o fazer. Para fazer face a esta complexidade um dos aspectos considerados nesta área de investigação consiste em encontrar padrões de comportamento. Somos seres únicos, todos diferentes física e psicologicamente. Porém, só procurando as características comuns que permitem identificar grupos de indivíduos se pode produzir bens e serviços que sejam úteis a esses mesmos grupos. Se não seguíssemos esta linha de pensamento, muito provavelmente, hoje não teríamos lojas de roupas, apenas existiriam alfaiates e modistas para satisfazer as nossas necessidades de vestuário.
São diversos os domínios de aplicabilidade de sistemas que consideram os factores emocionais. Seguem-se alguns exemplos:
- Robôs sensíveis e emotivos, com capacidade para entender as emoções humanas de forma a assumirem um papel social no tratamento de pessoas com fobias sociais;
- Aplicações para ajudarem crianças autistas no reconhecimento de emoções e na interacção social;
- Aplicações para o reconhecimento da satisfação do cliente face a determinado produto através da sua resposta emocional;
- Agentes pessoais para a selecção de músicas, programas televisivos, notícias, etc. de acordo com o nosso estado de humor;
- Sistemas de geração de voz a partir de texto para dar uma entoação mais natural ao discurso;
- Representação de mundos virtuais mais reais;
- Agentes inteligentes com emoções para sistemas de apoio à decisão, comércio electrónico, etc.
Certamente que muitos de nós já se deparou a chamar nomes menos bonitos aos computadores e provavelmente já teve vontade de os atirar pela janela fora. Isto tudo porque os computadores não tiveram a capacidade de entender que estávamos sob stress e sem a mínima paciência de forma a se adaptarem às nossas necessidades. Nessa altura desejámos que eles fosse mais inteligentes e mais emotivos para nos entender. Mas, será que os computadores têm emoções? Não, os computadores não têm emoções, ainda não se atingiu esse nível no que diz respeito à computação afectiva. Todavia a questão emocional não pode ser descurada se queremos desenvolver sistemas dotados com a capacidade de se adaptarem às necessidades do ser humano e de os substituir na execução de determinadas tarefas.